Quem és tu?

Sim, tu. Aí.

Que prestas toda a atenção,

Onde estás?

Em que plano da minha existência,

Se sobrevivência?


Em que plano vives tu,

Que dimensão tomas,

Para me questionares 

Sobre o que vivo,

E revivo?


Onde estás tu,

O que tomas por redor

Da tua existência?

Que projetos tens tu

Nas tuas paredes?

Quero saber o teu íntimo,

Os teus sonhos.

Que projetas?


O que sentes,

Com quem te sentas?

Quem são eles em teu redor,

Serão dor?


Com quem te deitas, meu Amor?


Passado, Presente, Futuro 

São as coisas que eu aturo

Num tempo inexistente 

De um universo infinito.


Eu sou aqui.



24 de outubro de 2025

Com tanta emoção,

Será o Amor um sentimento,

Um pensamento?

Julgamos com a razão.


Tu, pomba branca,

Vives com quem voa

Num universo que ressoa.

És tu o meu amor.


Vives livre como um fato,

Por vizinho tens um pato,

És a glória de Seu esplendor.


Não há dúvida sem senão,

Nós vivemos com a razão 


Seja livre a emoção.



24 de outubro de 2025

Sinto-me trespassado,

Toda a vida fui influenciado 

Por pessoas com ardor,

E eu… Amor.


Fui incendiado

Até cinzas apenas restarem

De um corpo que já não sente,

Apenas mente.


O meu viver transcende para o reino da não existência,

Para o mundo dos seres não pensantes,

Da matéria que repousa,

Do universo sem fim.


Sou um ser parado no tempo

Sito na esfera dos sentidos e emoções,

Que não sente

A vossa mente.


Em mim não residem sentimentos,

Memórias ou histórias.

Sou um pano largado ao vento

Ao sabor do momento.


Meus pensamentos são emoções,

Minha voz o meu silêncio.

Esta casa é o relento

Da eterna sensação.


Eu vivo com coração.



24 de outubro de 2025

Falo sozinho.

As paredes são melhor companhia 

Que vocês, mudos.


As paredes ecoam o som da minha voz

E eu sinto o calor de tudo o que dou.

Vós? Nada.


Se eu pudesse fechava-me no mais pequeno cubículo,

Cedia ao terror da minha claustrofobia 

E sentiria a mais profunda dor,

Talvez fosse ela amor.


Vou ceder à tentação.

Porquê procurar reflexo donde ele não vem?

Porquê viver neste estado permanente de solidão?


Vou fechar-me vivo num caixão,

Ceder à minha fobia,

Será ela a vossa folia,

A minha exasperação 

De acabar com a solidão.


Vou fundir-me num só 

Ser sem ninguém,

Deserto,

Perto do que é certo

Que é a morte,

Tamanha sorte.


O mundo acaba aqui.

Agora sou só eu, alma inerte

Corpo que mente,

Coração batente.

E eu? Contente.


Inexistente.



23 de outubro de 2025

Sou,

Estou,

Respiro.


Escuto, olho,

Vejo.

Toco, cheiro,

Saboreio.


Respiro.

Respiro.


Sinto.


Paz, Amor, Amizade.


Verdade.



19 de outubro de 2025

Tu és a minha Terra

E eu fui feito para sonhar!

Metes-me no bolso

Com um casaco e sedução!


Levas-me de volta

Para Estrasburgo e coração!

Trazes no teu dedo

Uma seiva de leão!


Enquanto abro o champanhe do rosto

Vou trair-te em paixão 

Assim é a união…


Sem macarrão atrás da orelha 

Este é nosso macacão;

Tu és a nossa terra,


Eu vou dar-te sempre a mão.



16 de outubro de 2025

Se eu fosse um pirilampo,

Eu queria vagar lume.

Você encontrou o meu caminho 

Do jeito que tu tens

De Alquimista do Amor.


Você quebrou minha rotina 

De viver iluminado 

Pelo meu próprio sol.

Resguardado no outono,

Tu viraste fantasia

De Carnaval.


Se existe alento tal

Tu nasceste como igual 

Que enche meu peito

De orgulho muito mal.

Isto é Amor igual,

Nosso jeito de criança 

Quero amar-te para tal.


Vou esperar por esse dia

Que não seja fantasia.


A eterna Ave do Amor.



15 de outubro de 2025

TUDO EM CHEIO


Tudo em cheio,

As gentes vestem-se a preceito

Para transbordar,

Reclamar

E fazer chorar.


Já não sei o que é o meio,

Se metade entre duas pontas,

Se um ponto num plano sem fio.


Esvazio,

Sinto o cheiro do rio

Regressado do mar,

Por caminhos a estreitar

Rumo a nascente.


Onde crescem os sóis,

Onde fazem a luz,

Um rebento

Que não quer ir para poente.


Um suspiro

Porque o mundo não gira assim.



14 de julho de 2025

NOUTRO LUGAR


Dá que pensar

O que realmente faz

Sufocar.


Se o mar,

Se o luar;

Se a falta do meu ar.


É preciso respirar

Longe das máquinas,

Das pessoas-máquina.


Espaço para amar

Eu preciso encontrar.

Suavizar,

Des-marginalizar.


A alegria do saber e do pensar

São oficina a rechear.


Não no mar,

Esse já deu demais motivos

Para a Lua poder brilhar.

Aí não existem, pois

Segredos por desvendar.


Num Universo a recuar

Vai com ele o seu vazio,

Que fastio!

Estava mesmo a precisar.


Não será o teu expandir,

Mas assim um contrair

Que me deixa

Sentir.


Levará tua pessoa

Para um espaço que ressoa.

Uma surdina

Que não voa.


Continuo a procurar

Algum sítio,

Mero pouso,

Puro ar

Que consiga respirar.


Talvez noutro lugar.



8 de julho de 2025

PASSAGEM


Suave, piano. 

Corre por aí 

Porque a rua, ela

Não vai contigo. 


Só agora decidi 

O que ainda não escolhi,

Porque a rua, essa

Não vem comigo. 


Estou contente 

Por aqui,

Tua num quarto crescente. 


Vem tu,

Só tu, somente 

Porque a Lua não brilha sem ti. 



9 de junho de 2025

REBENTO


De todas as saudades

Sejam elas, ou não

Verdade.


Fico bem aqui gravado

Com todo este

Extraordinário

Cimento.


Não é raiva,

É conhecimento.


Se te deixo aqui

Por um momento só,

Ele é teu,

Fico em pó.


Se te deixo assim

Para trás;

Sou assim,

Rebento.



10 de maio de 2025

PARA QUEM


Para manter a luz da chama acesa,

Não por saber o que a cama trouxe à mesa

Ou se aquela vem e pestaneja,

Mas por manter a vela acesa 

Numa treva longa e densa.


Pela luz na imensidão

Da eterna escuridão.

Por manter a chama acesa

Assim vem a luz à mesa.



15 de março de 2025

ROOMBA


A alvenaria chegou tarde

Já eu rompia;

Não sei que segredo te fazia:

Se alegria

Se jazia.


O caminho que eu rumava

Era longe desta estrada;

Uma parede que eu erguia

Ou um tombo que daria,

Com estrondo eu tomava

Uma rede desfazia

Sem saber se já jazia.


O regozijo era tal

Fosse mesmo chegar bem,

Ou mal.


Como é satisfação

Não entender meu coração.


10 de janeiro de 2025

ENCONTRO


Eu sou um

Como dois,

Talvez três

Mais nenhum.


Ranhura por onde entrar

Ela sela

Reencontro com o ar,

Venha o quarto para amar.


Raízes de encontrar

Neste nosso velejar

Ou um tanto bafejar.


Antes mesmo de virar

Rezam elas, ali pois...

Sou tão vela como sois.


19 de outubro de 2024

MENTE


Vem

Gentilmente,

Mente

Não sente.


Lento

Sem relento,

Num momento

Ardente.


Fogem mais cantos do mundo

Por caminhos, também

Profundos.


Nem em sombras estou aqui

Escrevo isto para ti,

Eu fugi e não morri.


5 de outubro de 2024

SEM AMOR


Tu…

Esse teu olhar 

Move florestas,

Rompe com as brechas

Desta minha aresta;

Que sou eu

Longe do teu eu.


Esse teu ardor

Chamo eu de amor

Resolvido em cor,

Deixaste-me assim…

Sem dor.


23 de agosto de 2024

CÉUS INFINITOS


Naturalmente emotiva

Assim é a comitiva,

Tal foi ela recebida

De forma tão ressequida...


Essa gente muito atroz

Não condiz com a nossa voz,

Com um certo bem-querer

Mais que ser, além morrer!


Voar por céus infinitos,

Engendrar horizontes longínquos;

Encontrar neste mundo perdido,

Escrever algo - que bonito!


Viajar é consistente

Venha gema reluzente,

Com um travo dessa gente

Recusar um ser dormente!



18 de agosto de 2024

FAROL


Já vi eu este cenário

De pétalas rosadas

Numa cama com espinhos,

Parece ele algum caminho.


Na verdade é só vazio,

Corre lento, como um rio

Coberto deste fastio;

À procura de uma foz

Onde fazer desaguar,

Derramar

Este mar.


Um farol

Põe o teu sol

Longe desta incerteza,

De viver assim à mesa.


Nem uma ponta de sal

Numa margem desse tal,

Faz da dúvida, a gentileza

De correr com este mal.


Não há luz que ponha em mim

Seja noite, seja sol

Como a lente de um farol.


10 de agosto de 2024

PERDER


Escrever

Não é tanto um doer,

Custa menos

Do que ler,

Ou mesmo ser…

Um intruso

Neste círculo ridículo

Feito de forma consciente

Por parecer mais outro seno.


Esse teu meu responder

Leva pois assim a crer,

Que a vontade

De ter

É tão certa como ser.


De querer e não poder.


7 de agosto de 2024

ADIANTE


Retrocesso é pensar

Que realmente existe

Um pensar, este

Que nos possa dar

Um conforto, ou um lar.


Num rolar de exatidão

Sofre a roda em precisão,

É apenas um cheirar

Do que não pode parar.


Adiante, mais à frente

Alguns estão que dizem gente

Venham menos de repente.

Somos nós, tão sós; somente.


Do futuro vem um burro

Esbarra bem ele neste muro.


Marchar

De rompante,

Adiante!


3 de agosto de 2024

FOMOS GENTE


Hoje acordei

Um tanto ao quanto,

De certo modo poderei até...

Dizer contente.


Chamaram-me demente

Como mais um indigente

Contentado com o presente!

Revoltados, enjeitados!


Foram, certamente

Iludidos em vocábulos

De palavras refratárias.


Hoje acordei feliz,

Com a alegria e a certeza

De que um dia fomos gente.


29 de julho de 2024